Casamento Sagrado


Certo dia, um sacerdote astrônomo que comunicava com as estrelas teve uma revelação celestial que relatava que o rei Sargão de Akkad teria vindo da Anunnaki (terra dos deuses) e que da sua linhagem viria o messias.
Enheduanna foi enviada pelos deuses para representar a figura messiânica feminina que desceu dos céus para redimir os oprimidos e resgatar a valor divino da mulher.
O sacerdócio feminino teve início na Era Sargão por volta de 2.334 a.C. para representar a deusa Inanna na Terra.
A filha de Sargão de Akkad foi a primeira Alta Sacerdotisa da Suméria, a resgatadora da religiosidade matrifocal e da família. 
Enheduanna foi envia pela Deusa-Mãe para ensinar os segredos Cósmicos, a arte da magia aos humanos, trazer prosperidade para Suméria e de salvaguardar aquela cidade-estado dos inimigos.
Enheduanna bela, cheia de sabedoria recitava lindos poemas eróticos e dedicava a Deusa do Amor Inanna com carinho e via a sua cidade-estado prosperar dia a dia.
A representante da deusa da fertidade recebeu todos os direitos legais e foi intitulada de espírito divino, mediadora da deusa do amor, filha da luz, alta sacerdotisa responsável de restituir família, guardiã da Suméria foi reconhecida pelo seu valor social e religioso.

                                              Bild Inanna som
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Em uma sociedade tipicamente dominada pelos homens, as sacerdotisas eram respeitadas justamente por usar das suas intuições femininas para garantir a fertilidade, a prosperidade e as simpatias dos deuses.
Inanna, a deusa dos prazeres e da fertilidade, patrona das sacerdotisas, rainha dos sete templos, dos sete leões, da serpente dupla e do cetro mágico. Ela apresentava nas festas com vestes reais verde-esmeralda, coroa de flores e lindos adornos. A sua linda coroa simbolizava o seu poder intelectual, suas jóias e adornos simbolizavam sua agilidade e sua habilidade crítica de julgar. Suas vestes reais representavam sua defesa psíquica e uma das formas de proteger seu povo.
A retribuição das bênçãos eram feitas com festas no equinócio primaveril, numa sexta-feira de Lua Nova do mês Nissam (março/abril), era seis dias. A deusa Inanna-Vênus ficou conhecida como Ishtar deusa do casamento sagrado. Este ritual sagrado era realizado na Suméria por volta de 5.500 atrás. Nele a Alta Sacerdotisa assumia o papel de Avatar da grande Deusa Inanna e o rei incorporava o personagem de Dumuzzi.   
A homenagem começava com cortejo, rito de purificação, hinos, danças erótica do Fogo e da Lua preparando do leito nupcial¹, troca de presentes, delicioso banquete e bebidas.
No altar era colocada uma Cornucópia (chifre) que simbolizava a vagina da deusa e o falo do deus. Esse elo nupcial germinava a semente sagrada que garantia fartura e assegurava riqueza².
As sacerdotisas iniciadas nas sabedorias ocultas faziam papeis da deusa do Amor deitando-se junto ao herói ou governante da cidade-estado, oficializando-o como figura hierarquicamente escolhida pelos deuses para fortalecer, garantir fartura, riqueza, assegurar as conquistas aspiradas pelos deuses na Terra. Elas faziam a vontade da deusa para agradá-la e para que os seus representantes da cidade-estado pudessem saciarem das bênçãos divinas. Elas tinham liberdades para participar ou não participar da cerimônia ritualística. Mas era uma grande honra agradar a deusa Inanna porque elas acreditavam que seriam beneficiadas com as graças divinas³.
Os filhos concebidos durante o ritual de "Hieros gamos" eram chamados de filhos direto da deusa, portanto eram denominados como semideus ou herói.  As sacerdotisas mesmo após terem concebidas filhos, eram consideradas virgens. Elas tinham relacionamentos abertos, porém eram divinas e respeitadas por todos. Mas, a Alta Sacerdotisa não podia procriar. Para dar continuídade da família nobre sacerdotal era escolhida uma jovem de boa aparência para engravidar do sumo-sacerdote, amamentar e pajear a criança.
Em outras cidades-estados da Mesopotâmia o domínio era patriarcal e o Códigos de Leis eram diferenciados, assim como os seus panteões. 
Enheduanna cultuava a deusa Inanna e Dnanna deus associado a Lua, que para os sumérios essa cerimônia anual era de grande importância porque era chegada do Ano Novo e data especial para homenager a deusa do Amor, da fertilidade e da fecundidade.
O deus Nanna era regente do tempo, da estação do ano e estava ligado ao ciclo menstrual feminino considerado sagrado, divino e responsável pela continuidade da espécie humana.
A partir do momento que o rei Sumo-sacerdote Hammu-rabi assumiu o poder na Babilônia, fez mudanças radicais na cidade, criou 282 Códigos de Leis, a sociedade foi redividida: Nobreza, exército, Grupo doméstico, população comum, escravos, criou uma panteã e outros deuses.
O casamento era um contrato feito com os pais dos jovens e a idade mínima para casar era 14 a 20 anos de idade para o sexo feminino e 26 a 32 anos para o jovem do sexo masculino, criou o divórcio, criou a Lei 146 e 147 que amparava a sua esposa oficial e seus patrimônios. 
No planeta Terra, o sexo é divino, sagrado, constrói afetividade entre o casal, gera vidas e laços amorosos. Sexo com admiração e reverência transforma-se em união e alimentos para o nosso corpo físico, psíquico, emocional. Um estudo americano afirma que a pessoa que tem uma relação sexual ativa ela é feliz, saudável, realizada, alegre, sua pele é linda, tem sono tranquilo, aumenta o auto-estima, fortalece os músculos, melhora o humor, estimula a criatividade, vive em paz e consegue ter vida longa.
Segundo Carmen Janssen, sexóloga, psicanalista e autora do livro "Mensagem sensual para casais Enamorados" diz: o sexo faz parte das nossas necessidades biológica assim como comer, beber e respirar. Além de prazerosa traz diversos benefícios para o nosso corpo físico, mental e emocional.
A relação sexual tornou pecado com o domínio do patriarcal onde criaram mitos e lendas condenando tal ato. O cristianismo, o islamisno e o judaísmo condenaram o sexo como algo imoral, pecaminoso e que o ato sexual é apenas para reprodução, ou seja, contunuidade da espécie.
Pesquisadores científicas aprofundaram no assunto e conseguiram comprovar que a relação sexual é benéfica a todos os seres vivos.
"A saúde sexual é um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social associando à sexualidade. Ela não consiste somente em ausência de doença, de disfunção ou de enfermidade. A saúde sexual precisa de uma abordagem positiva e respeitosa da sexualidade e das relações sexuais, e a possibilidade de haver experiências sexuais que proporcionam prazer com segurança e sem constrangimentos, discriminação ou violência. A fim de atingir e manter a saúde sexual, os direitos humanos de todas as pessoas devem ser respeitados, protegidos e assegurados". (OMS 2003).
Portanto, sexualidade é uma parte integral da personalidade de todo ser humano, construída através da interação entre indivíduo e as estruturas sociais. Cada cidadão tem o direito de receber informações baseada no conhecimento científico e a educação integral da sexualidade.

Autora: Rainna Tammy

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1- Espaço onde havia apresentação da dança do fogo, onde o Sol e a Lua se encontravam para amar. As dançarinas treinavam durante meses para apresentarem ao público nobre.


2- O gozo feminino, p. 100 - 106: simboliza religar o ser humano à natureza através da fecundação, ou seja, através da semeadura. O gozo feminino não significa orgasmo, os sumerianos referia que o gozo feminino era a comunhão da mulher com o Cósmo. Quando Hammu-rabi dizia que a deusa Ishtar, a superprostituta sagrada, que nem 120 homens poderiam desposar, estava referindo à soberania da deusa. Em nenhum momento o Templo da deusa do Amor foi um local de prostíbulo.


3-   Casamento Sagrado era um ritual realizado na Suméria por volta de 5.500 atrás. Nele a Alta Sacerdotisa assumia o papel de Avatar da grande Deusa Inanna e o rei incorporava o personagem de Dumuzzi, o consorte de Inanna. A homenagem começava com cortejo, rito de purificação, hinos, danças erótica do fogo e da lua, preparação do leito nupcial, troca de presentes, delicioso banquete, vinho suave, cerveja, a bebidas dos prazeres e frutas exóticas.
Reis, heróis e semideuses se reuniam no templo da Deusa para participarem da grande cerimônia. Eles acreditavam que tudo procede do Amor, amar era uma grande Arte que devia ser aprendido pela Grande Deusa Inanna. Era no templo que poderia encontrar o grande segredo de amar e receber bênção divina dos deuses do Amor, pois o corpo da mulher pertencia aos deuses.
Cada participante levava a sua oferenda em ouro, prata e outros produtos valiosos.
Eram seis dias e seis noites de prazeres, felicidade e harmonia.
A arte dos prazeres e da sexualidade era algo divino. O Hieros gamos ocorria apenas no Ano Novo porque era na primavera que as sementes brotavam do solo com mais vitalidade. Nesse momento ocorria o gozo feminino, a semente fecundava e o seu filho nascia forte e robusto. Naquela época a mulher semeava de acordo com o ciclo lunar, essa comunhão com o Cosmo contribuía para uma colheita farta e frutos saudáveis. Para agradecer a Grande-mãe e pedir que no outro ano pudesse ocorrer fartura no campo, as pessoas faziam festas e entregavam oferendas aos deuses.
O encontro que havia no Templo do Amor foi considerado para os hebreus como um próstíbulo, um ato profano de venerar deuses. A divergência de concepção religiosa foi como uma castração porque ocorreu um desligamento do grupo, um celibato, uma nova forma de alcançar o Paraíso. Nascia uma nova religião, o monoteísmo que com a sua ira desejava esmagar a história milenar do paganismo, eliminar a Antiga religião demonstrando uma versão errônea para o povo. Os convertidos tornaram um android que recebiam informações e armazenavam na memória todas as contradições dos fatos.
Os hebreus patriarcais diziam que a prostituição era um ato sexual obeceno. Eles condenaram o ato sexual como algo pecaminoso, indecente, ato imperdoável e detestável aos olhos de Jeová. Mas para o povo da Antiga Religião era algo natural, divino e sagrado. Portanto, o casamento sagrado na visão contemporânea significa transição da dimensão da polaridade para dimensão da unidade.


Fonte de Pesquisa

A verdadeira história de Maria Madalena: os segredos da mulher mais instigante da bíblia - [Dan Burstein e Arne J. de Keijzer - orgs] - [Tradução: Alexandre Martins e Marcos José da Cunha] – Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.


GAIARSA, José Ângelo. Sobre uma escola para o novo homem. 2 ed. - São Paulo: Ágora, 2007.


GÓES, Ludembergue. ABC do Código Da Vinci. - São Paulo: Conex, 2006.


MELLA, Federico A. Arbório. Dos Sumérios a Babel: mesopotâmia, história, civilização e cultura - [tradução: Noberto de Paula Lima]. São Paulo: Hemus, p. 11 - 212.


SILVA, Maria Escolástica Álvares da. O gozo feminino. - São Paulo: Iluminura, 1995 (Coleção Leitura Psicanalítica).

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