África, nossa raiz


O Dia Nacional da Consciência Afro-brasileira é celebrado em 20 de novembro no Brasil e, é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. A homenagem a Zumbi foi mais do que justa, pois este personagem histórico representou a luta do negro contra a escravidão, no período do Brasil Colonial. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também uma forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil.
 Desde os primórdios da história do Ocidente atribuiu-se uma forte carga simbólica às cores 'preto e branco'. Enquanto, o branco representava o bem, a superioridade, divino, pureza, o negro tem sido assocado a inferioridade, ao mal, às raivas, tristeza, dores, azar, diabólico. Os europeus criaram um Jesus com características européia, anjos, santos brancos e um deus preconceituoso.
Um negro era considerado sem alma, pagão, ignorante, sem cultura, tinha sua identidade modificada, recebia um novo nome e era batizado pelo jesuíta. A igreja católica recebia porcentagem com a comercialização dos negros nos mercados municipais. O tráfico negreiro era bastante lucrativo.
 O negro servia apenas para servir ao seu senhor, prestando trabalho pesado, sem receber nenhum renumeração, em troca recebia pau para ser um escravo obediente, pano uma vez por ano para cobrir o seu corpo e pão apenas para sobreviver.
A vida de um escravo sul africano era de muito sofrimento porque além de ser humilhado, era açoitado, acorrentado, mutilado pelo seu feitor e a única alternativa foram rebelar contra os maus tratos e a escravidão. O aborto e a fuga foram as primeiras manifestação em busca da liberdade, resgatar a sua verdadeira identidade e ser feliz.

Diversos movimentos afros ocorreram contra a opressão e as injustiças advindas da escravidão. Suas principais reivindicações eram o direito de igualdade na sociedade, acabar com o preconceito racial, religioso e conscientizar os afros-descendentes sobre a importância da união para que o movimento pudesse ganhar força.
"O Movimento Negro Unificado Contra o Racismo e a Discriminação Racial - MNU, assim registra seu conceito quilombola ao definir o Dia da Consciência Negra" (Nascimento, 1980, p. 256).
  
 Pessoas com características afro jamais deve sentir inferiorizado porque existe apenas uma raça no mundo, a raça humana criada pelo Uno.
No Brasil é um país miscigenado, sendo que a maioria da população é afro. Pessoas de pele clara, loura, olhos azuis ou verdes, com lábios finos ou carnudos, nariz arredondado, cabelos crespo ou caracolado são consideradas afrodescendentes. Pessoais com essas características jamais devem envergonhar de serem descendentes de um povo que contribuíram para o progresso do mundo. O preconceito racial continua presente nas culturas e mentes das pessoas tradicionais.


A data foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Trata-se de um feriado facultativo, mas mais de 500 cidades brasileiras já aderiram, segundo a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR, do governo federal.
Hoje, a lei brasileira 10.639 obriga as escolas a ensinarem temas relativos à história dos povos africanos em seu currículo. A partir de 2003 o tema História e Cultura Afro-brasileira e Africana as instituições de ensino brasileiras passaram a ter de implementar o ensino da cultura africana, da luta do povo negro no país e de toda a história afro-brasileira nas áreas social, econômica e política.
Além disso, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) estabelecem que a diversidade cultural do país deve ser trabalhada no âmbito escolar. "A sociedade em que vivemos valoriza outro estereótipo, o que resulta na inviabilização do negro. Isso tem um efeito bastante perverso: as crianças negras nunca se vêm e o que elas olham é sempre diferente delas", explica Roseli, que coordenou o grupo responsável pelo documento sobre Pluralidade Cultural nos PCNs. "A pluralidade cultural é um tema que pode ser abordado de forma transversal, em várias disciplinas", conclui. Estratégias simples, como a introdução de bonecas negras, podem ter um efeito positivo para reforçar a identificação cultural dos alunos negros.
Apesar da obrigatoriedade e da multiplicidade de enfoques, a visão europeia ainda predomina em muitas das escolas brasileiras. Prova disso é a quase inexistência de bonecas negras na Educação infantil ou quantidade limitada de livros infantis e infanto-juvenis que trazem negros como protagonistas.
O Historiador ainda encontra barreira para ministrar aula com a temática História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Diversas vezes confrontei com diretor da instituição pública que não permitia apresentações da cultura afro-brasileira e africana na escola, mas eu conscientizei os alunos a importância de conhecermos as nossas raízes e consegui fazer excelentes apresentações como danças, pratos típicos, trajes, música, penteados, teatros, desfile de jovens afro-brasileira na passarela, capoeira, maculelê, palestras etc.

Portanto, um historiador não deve se limitar a estabelecer fontes, mas seguir várias trajetórias ao mesmo tempo e apropriar de uma sólida cultura pluridimensional do passado humano. A história é uma visão do indivíduo atual sobre as totalidade dos tempos. Um historiador jamais deve calar ou submeter as imposições, as verdades devem ser divulgada.
Quebrei diversos paradigmas que impedia o meu progresso, a pesquisa científica contribuiu para ampliar conhecimento, ter uma visão crítica e consciente. Procurei despertar a importância da pesquisa, de uma análise, reflexão e nunca aceitar como verdade absoluta algo escrito por um autor. Questionar sempre, pesquisar várias obras de autores diferentes, jamais deve ser um androide que recebe apenas as opiniões formadas. Pude despertar nos educando o prazer pela aula de História, muitos alunos passaram a gostar de História e se tornou um Mestre Historiador crítico.  
Num país capitalista e globalizado, o indivíduo é programado para trabalhar, produzir produto de excelente qualidade e riquezas aos seus criadores. 
Profissionais desqualificados fazem de conta que ensina e os alunos fazem de conta que aprendem. Grande número de acadêmico sai da faculdade e continua sendo um analfabeto informal. Com o diploma comprado nas mãos não consegue passar nos concursos e não consegue emprego.
O individuo se forma na profissão do mesmíssimo, vive no comodismo, amordaçados mantém sempre os olhos vendados, pois é mais fácil criar seres impensantes, homens máquinas do que preparar indivíduos críticos. O governo não investe numa educação de qualidade porque uma pessoa crítica significa ameaça para a sociedade política, econômica e religiosa.
As maiores vítimas do sistema são os afro-brasileiros e afrodescendentes que estão estudando nas escolas públicas e, que ao concluírem o ensino médio sem nenhum preparo para entrar numa universidade federal acabam ingressando numa faculdade particular. A maioria das faculdades particulares não tem profissionais qualificados e os docentes passam apenas informações superficiais para os acadêmicos porque eles também não tem um conhecimento amplo sobre o assunto. Os proprietários e as equipes pedagógicas estão apenas preocupados para receber as mensalidades em dias. Pagando em dias terá o diploma. O Ensino no Brasil está caótico, é uma vergonha...
 
  
Autora: Rainna Tammy

Fonte de Pesquisa
  
HOFBAVER, Andreas. Uma história de branqueamento ou o negro em questão. - São Paulo: UNESP, 2006, p. 386 - 420.

NASCIMENTO, Flávio Antônio da Silva. O Beabá do racismo contra o negro brasileiro. Rondonópolis/MT: Print Editora, 2010, p. 153 - 226.

NERES, Júlio Maria; CARDOSO, Maurício; MARKUNAS, Mônica. Negro e negritude. 3 ed. [coordenadora: Márcia Gricoli Yokoi] - São Paulo: Loyola, 2006, p. 22 - 29.






Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

As preciosas e belas bonecas negras

Constelação familiar na Era capitalista

Guardiões do Tempo-espaço