Ìyá mí cocriadora

 
  
As Ìyá-mi pertenciam a uma sociedade secreta feminista de Òsóòròngà que tornaram conhecidas como às senhoras dos pássaros. Elas reuniam na floresta para invocar energias elementares da natureza, evocar as deusas tríplices do povo yorùbá para tratar de assuntos relacionados à mulher e a família. Tal reunião secreta deixava o marido e outros homens da região inseguros. Mito espalhava de aldeia em aldeia como sendo feiticeiras mais perigosas do mundo, que nas noites de Lua Cheia transformavam num grande pássaro para espionarem aldeias e maldiçoarem os seus inimigos. Tais mitos ainda mantém vivo até o presente momento nas religiões afro-brasileiro. Alguns acreditam que evocar uma Ìyá mi pode ocorrer diversos transtornos num barracão religioso.
As Ìyá mi são adoradoras da Lua, do Fogo, da Noite, das essências do Amor, da beleza e da sedução. Todos os seus ritos e rituais são feitas após a pôr do Sol. Atualmente as Ìyá mi são respeitadas  e reconhecidas pelos homens da região africana como uma mulher divina, òrìsà Mãe Terra.
As iniciadas das Ìyá mi são mulheres ou homens escolhidos para darem continuidade dos ensinamentos da Grande Mãe Òsóòròngà. No passado as filhas primogênitas eram educadas, iniciadas, recebiam o asè da ìyá mì Òsóòròngà e recebia alguma energia vital para transcenda em todo o corpo energético. 


Segundo Ronilda Iyakemi Ribeiro “as Ìyá àgbà (as anciãs, pessoas de idade, mães idosas e respeitáveis), também chamadas Àgbà; Ìyá mi (minha mãe), Ìyá mi Òsóòròngà, Minha mãe emplumada; Àjé/Eléye Senhora dos pássaros são reverenciadas pelas mulheres e pelos homens. A pesquisadora do culto africano diz que os poderes místicos da mulher está presente em seu duplo aspecto: protetora, generosa, construtiva e inovadora. Pode tornar perigosa guerreira com aqueles que não respeita o ecossistema.
Segundo Pierre Verger, a feitiçaria é considerada anti-social em muitas culturas, porém, na sociedade Yorùbá tradicional, as Àjés (curandeiras) não são execradas, mas constituem um dos pilares essenciais da comunidade.
Algumas comunidades evitam falar mal delas abertamente, ignoram-se o verdadeiro nome das Àjéporque acreditam que elas possuem uma força agressiva e perigosa. Essa é uma informação equivocada que os ignorantes criaram para intimidar as pessoas.
A Ìyá mi Òsóòròngà (Grande Mãe Oxorongá, òrísàs dos elementos veneráveis), símbolo do amor condicional, da tolerância e grande luz que veio da constelação de Áquila para ajudar a humanidade na Terra.  Ela é a provedora da sustentação vital, mãe que será sempre mãe zelosa.
As Egbé Eléye, Egbé Ògbóni e Egbé Gèlèdé são Sociedades Secretas das Àjés que mantém os seus conhecimentos místicos somente aos iniciados herdeiros. Os iniciados recebem os ensinamentos ocultos de uma Ìyá Àgbà ou uma Ìyá mi oralmente.  

Arte: Nilson T. Oshaguian

As Ìyá mì são zeladoras das existências e guardiãs dos destinos. A sociedade feminina se reúne a noite formando um grande círculo das Ìyá mì emplumadas. Elas podem voar como um grande pássaro e penetrar nos mistérios ocultos.
As Ìyá mì noturnas evocam as deusas triplices: Ìyá-Àgbà Nàná Bùúrùkù, a Anciã; Ìyá mi Yemoja, a genitora e Ìyá mi Òsun, a donzela encantada. Também invocavam as energias naturais da Terra e assumem uma forma divina durante os seus ritos mágicos. Atualmente o grupo da Nova Era incluem homens no Grande círculo mágico das Ìyá mì noturna africana. Uma Ìyá mi consegue ver o que outros olhos não conseguem ver, consegue apaziguar o casal com o seu poder, a intuição conduz ao caminho da luz. 


As Ìyá mì noturnas são encantadoras e respeitadas por serem a zeladora das mães e guardiã dos mistérios das deusas tríplice africana. As mulheres anciãs do grande Círculo Mágico são chamadas Ìyá-Àgbà ou Ìya Aiyé (Mães Anciãs ou Veneráveis Mães Anciãs); Ìyá mì são mulheres férteis e os homens são chamados de Òsó (Curandeiros). Ambos ficam atribuídos do poder de manipular o destino humano através de rituais de consagração. A aquisição do poder das Ìyá mì ocorre pelo nascimento, por herança e pela iniciação.


Diz o provérbio: o filho de Ìyá mì tem sexto sentido mais aguçado, podendo sentir os tipos vibracionais do ambiente ou de um ser vivo, ver as Energias Astrais com mais nitidez e comunica com mundos de outras dimensões telepaticamente.
No Brasil a história da Ìyá mi Òṣòròngà (Grande Mãe) também chamada de Ìyá mì Àjẹ́ e Ìyá mi Ẹlẹ́yẹ), Ìyá mi Àiyé (Mãe Terrestre) e principalmente as Àjẹ́ (Curandeiras), o termo Yorùba Ìyá mì (que literalmente quer dizer Minha Mãe) é um termo utilizado para referir-se a diversas energias foi bastante difundida como algo maléfico, perigoso e monstruoso.
Na Nigéria o culto a Ìyá mì Òṣòròngà, consequentemente, o culto de Àjẹ́ (curandeira) e Oṣó (curandeiro) é secreto e restrito.


As Àjẹ́ e os Oṣó pertencem ao grupo dos Àjògún, guerreiros que lutam contra o ego e prezam o equilíbrio do Universo, liderados por Èṣù e Ìyá mì Òṣòròngà. Tais energias só devem ser evocadas por aqueles que possuem equilíbrio psíquico, emocional e zela pela sua moral. Lidar com Energias Astrais dos Ancestrais exigem cautela e conhecimento avançado sobre o Mundo Espiritual. Jamais um leigo ou iniciado podem fazer evocação espirituais sozinhos ou evocar Energias Espirituais por curiosidade porque pode ocorrer a presença de Energias Espirituais Nocivas, a fim de enganá-las e pode ser confundida com Espíritos de Luz. Não se pode confundir Evocação com Invocação[1].
É comum algumas pessoas associarem a Invocação e a Evocação como sinônimo de Invocação, enquanto possuem uma diferença definitiva em um ritual mágico. As invocações de deuses e de energias elementais podem ser efetuadas por quaisquer pessoas sem nenhum perigo porque essa Energia irá auxiliar nas suas magias lícitas ou na aproximação do Divino. O elo com o Cosmo é muito importante para que nós mantenhamos a Essência Divina na nossa mente e no nosso coração. A meditação é um exercício mental que conduz ao mundo da harmonia, da paz e do amor.
A partir do momento que uma pessoa deseja fazer um Bruxedo Ilícito terá que estar carregado de Energia Nociva para prejudicar alguém. Neste caso exige evocação de espirituais inferiores faça presentes no momento da manipulação, ou seja, quem irá atuar aproximar e executar a ação serão espíritos de alta perigosidade como: espíritos homicidas, suicidas, estupradores, psicopáticos etc.
Se a pessoa tiver sensibilidade mais aguçada poderá entrar em transe e será desastroso. Eles não fazem nada de graça e as cobranças virão de forma violenta sobre os executadores do Bruxedo Ilícito e sobre a família.
Há sacerdotes que divulgam vídeos ou publicam nas suas obras incentivando a Bruxaria Solitária e diversos tipos de manipulação de Bruxedo Ilícito apenas para ganhar fama, dinheiro e não pensam nas consequências dos leitores leigos que colocam em prática tais atos no momento de desespero.
Portanto, queridos leitores tenham bastante cautela, discernimento e sabedoria ao executar tais atos no seu dia a dia.
Conheça alguns atributos mágicos das Ìyá mì:
Animal-totem: Coruja, gavião real, concha gigante africana, concha caracol e peixe.
Número: 8.
Lua: Minguante, Crescente/Cheia e Nova.
Cor: Verde, preta, branca, lilás, amarelo ouro, vermelho e azul royal.
Local sagrado: Encruzilhada, floresta e água corrente.
Instrumento mágico: Vassoura feitas com ervas medicinais, cabaça, abano de palmeira
Oferendas: flores, frutas, arroz cru, mel, plumas, ovo, búzio, brincos e colares de sementes.


[1]EVOCAÇÃO s.f. Ação de evocar, de recordar, de lembrar: a evocação do passado. Ação de fazer aparecer através de exorcismos, entidades sobrenaturais, espíritos ancestrais para realizar algo benéfico ou maléfico. A Evocação já é o convite à Divindade para participar do ritual em matéria astral ou espiritual dentro do espaço sagrado.

INVOCAÇÃO s.f. Ação de invocar e de chamar por alguém. Chamamento; pedido de socorro; rogo. Súplica de forma poética a uma divindade ou um espírito amigo para pedir inspiração, auxílio, intuição e luz para concretizar algo benéfico para si mesmo ou para o próximo. A Invocação se caracteriza por convidar a Divindade para participar do ritual no corpo de uma pessoa responsável.



Autora: Iney Lúcia (Raina Yashira)

Fonte de Pesquisa:

BENISTE, José. Òrun Àiyé: o encontro de dois mundos: o sistema de relacionamento Nagó-yorùbá entre o céu e a terra. 10 ed. - Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.

Joias e Artes Afros: Arte Blog http://joiaseartesafro.arteblog.com.br/ Acesso: 15/08/2014. 

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