A morte não é o fim da vida
O ser humano sempre buscou as respostas para desvendar seus mistérios. Quem sou? De onde eu vim? Para onde vou?
Vida e morte são indissociáveis. São dois momentos de um mesmo ciclo universal e tanto mais valorizamos a vida, porque temos noção da sua finitude.
A vida é uma sucessão de estudo de consciência, desde a consciência do nascimento até a consciência da morte.
A morte está sempre presente em toda a vida e de várias as formas.
Segundo Kovács (1992), "Os tibetanos dizem que não há ser humano que não tenha retornado da morte. De fato, todos nós morremos várias mortes antes de virmos para esta encarnação.
Aquilo que chamamos de nascimento é apenas o lado inverso da morte. (...) o ser humano tem de passar pela experiência da morte antes que ela possa nascer espiritualmente. Simbolicamente falando, deve morrer para o seu passado e ego, antes que possa tomar o lugar na nova vida espiritual. Durante a vida tem que cultivar pensamentos e ações, preparar-se mentalmente para que esse processo possa influenciar no momento da morte e pós-morte. Fenômenos de nascimento e morte ocorrem várias vezes, pois há sempre algo que nasce dentro de nós. (...) A morte é portanto, apenas uma iniciação numa outra forma de vida além daquela cujo fim representa".
Para Vera Saldanha (1996), " (...) o próprio desenvolvimento do ser humano, dentro de cada existência, é galgada através de mortes e renascimentos, ao iniciar-se pela morte da vida intra-uterino para ganhar mais luz, mais espaço e novas experiências; a morte do aleitamento materno, para renascer novos sabores e ganhar alimentos diversificados; a morte da dependência simbiótica com a figura materna, para conquistar um mundo novo, através do engatinhar, andar e falar; na puberdade, a vida surgindo com todo o seu esplendor e fertilidade, mas deixando atrás de si um corpo infantil que se viu invadido por novas formas; a morte da bissexualidade (...) e assim sucessivamente. Renasce, a cada instante, um ser novo, mais capaz, mais forte e sábio, quando aceitou suas mortes anteriores".
A morte seja ela física ou emocional, é vivenciada através de etapas. Em cada uma das etapas, o indivíduo acessa conteúdo diferente e nova consciência.
Platão (428? - 348? a.C) citado por R. A. Meody, difini "a morte como a separação da parte incorpórea da pessoa viva, a alma, da parte, o corpo. A alma assim liberta não está sujeita a limitações do tempo, que é um dos elementos do reino físico, sensível, mas move-se em reinos eternos, atemporais. Vê o corpo como uma prisão da alma e a morte como libertação. De acordo com Platão, a alma vem ao corpo físico proveniente de um reino superior e divino do ser e no momento do nascimento, esta alma nascida no corpo, regride de uma consciência maior para um estado bem menor consciente. Nesse meio tempo esquece a verdade que sabia no estado anterior, fora do corpo. Com a morte desperta, e relembra esta verdade, pensa e raciocina mais facilmente, e reconhece as coisas na sua verdadeira natureza.
Neste sentido, por esta leitura de Platão, a morte pode ser vista como um revés de um parto ou renascer para este mundo superior. Todavia, Platão diz também que a linhagem humana é insuficiente para expressar a sobrevivência depois da morte, diz que a nossa alma aprisionada pelo tempo-espaço e exatidão dos sentidos físicos como visão, audição, paladar etc..., não consegue aprender o caráter verdadeiro do que está além do mundo físico".
Eptein (1998) tratando da questão morte no judaísmo, "nós somos feitos a imagem e semelhança de Deus, como nos é contado no início do livro Gênesis. Imagem de Deus significa que trazemos dentro de nós a semente de nos tornamos imortais. Semelhança significa que nascemos com a virtude, moralidade e verdade de Deus".
J. Y. Leloup diz que tanto o amor quanto a morte nos leva ao essencial e que vale para um também serve para outro. Em seu livro " Arte de morrer" citando a tradição budista, diz que a morte não é o fim da vida, mas o fim de uma ilusão, a libertação do sofrimento, do encadeamento de causas e efeitos.
É a razão pela qual a morte é um momento abençoado, o momento mais sagrado da existência porque é, finalmente, a ocasião de entrar em um espaço ilimitado. É o momento em que a realidade é, por fim, revelada". Na tradição budista a morte é uma passagem, ocasião do despertar.
Leloup afirma que "somos também polaridade celeste e o momento em que a terra se dissolve, se de compõe, talvez seja o momento de abrir-nos para o amplexo do celeste em nós próprios, pouco importando que lhe demos o nome de Self, completamente outro, clara-luz ou uma outra consciência".
Para Freud, "O temor da morte deve ser considerado como análogo ao temor da castração, e que a situação à qual o ego reage, é o estado de ser esquecido ou abandonado pelo superego protetor - pelas forças do destino - põe fim à segurança contra todos os perigos".
Os egípcios acreditavam que cada pessoa tinha um corpo físico e um ‘ka’ – uma força de vida que continuava após a morte. Este 'ka' precisaria da mesma sustentação que uma pessoa viva, além de entretenimento e os instrumentos de seu comércio. Todos estes itens eram colocados em sua tumba. Principalmente, o 'ka' precisaria se reunir com o corpo físico, e é por isso que os corpos eram mumificados. Os mortos tinham que se juntar ao seu 'ka' para alcançar vida depois da morte mas, como o corpo físico não poderia fazer a jornada da tumba para o submundo, o ‘ba’ da pessoa, ou personalidade, o fazia.
Quando o 'ba' e 'ka' se uniam, eles faziam a jornada final para o céu, luz do Sol e estrelas, onde os mortos ressuscitavam como um ‘akh’ (espírito) e viviam para sempre.
Quando o 'ba' e 'ka' se uniam, eles faziam a jornada final para o céu, luz do Sol e estrelas, onde os mortos ressuscitavam como um ‘akh’ (espírito) e viviam para sempre.
No Hinduismo, acredita-se que a alma avança para outro corpo antes da morte, como se corpo se livrasse de roupas usadas. Este é um ciclo infinito mudando de corpos continuamente até a quebra deste rito de passagem para o nirvana.
O morrer é " como uma tentativa de se dar completamente à luz antes de desaparecer". segundo a visão de Michel M'uzan.
Para os luteranos "A morte significa o fim da vida do ser humano, jamais o fim de seu ser. Cada ser humano é participante da história de Deus neste mundo, e sua existência é única e jamais será aniquilada para sempre. Na explicação do primeiro artigo do Credo Apostólico, no Catecismo Menor de Lutero, diz-se: "Creio que Deus me criou a mim e a todas as criaturas ...". A partir dessa confissão de fé se pode concluir que o ter existido é insubstituível, mesmo que essa existência tenha sido breve. Participar da história de Deus, mesmo dentro de um tempo finito, é viver para sempre na memória do Deus criador, eterno e infinito. Por mais que tenhamos fé no Deus da vida e na ressurreição conquistada por Jesus Cristo e prometida a quem o segue, quando a morte chega, nós nos confrontamos com a dor, o sofrimento, o sentimento de vazio e a saudade. As pessoas cristãs creem que nada as pode separar do seu Senhor, Jesus Cristo, nem mesmo a morte. Elas sabem também que a morte é a mais profunda inquietação da sua fé. Por isso, necessitam de um ritual que as ajude a se despedir da pessoa falecida e a entregá-la nas mãos de Deus, a cuidar amorosamente da família enlutada e a articular sua fé diante da perda". Para os kardecista a alma sobrevive, a Doutrina Espírita tem como diferencial em relação as outras Doutrinas Espiritualistas, a clareza com que explica a condição do espírito após a morte, colocando os seguintes conceitos:
Manutenção da individualidade, ou seja, consciência das coisas, manutenção dos sentimentos e das características de cada um de nós; possibilidade de comunicação entre os desencarnados e encarnados;
Manutenção da individualidade, ou seja, consciência das coisas, manutenção dos sentimentos e das características de cada um de nós; possibilidade de comunicação entre os desencarnados e encarnados;
pluralidade das existências, ou seja, progredimos através de várias vidas; o entendimento da Lei de Causa e Efeito, que nos dá a tranquilidade de saber que só colhemos aquilo que plantamos; a Doutrina Espírita como um todo nos leva a ter uma fé consciente na Justiça Divina e ter esperança no futuro.
Os místicos Afro-shumer acreditam que todos nós morremos várias mortes antes mesmo de vivermos no plano Terra. Nesse processo de morte adquirimos experiência para a nossa evolução física e espiritual. A morte não é o fim da vida, mas o fim das ilusões, despertar da consciência para uma nova vida no mundo espiritual. Tornamos um novo ser a cada instante que renascemos.
Após a morte do corpo físico podemos prosseguir vivendo em outra dimensão vibratória, com os sentimentos adquiridos, com a visão espiritual ampliada. Estamos ciente que a vida continua no plano espiritual e podemos retornar o plano físico se caso necessário for.
A crença em reencarnação está mais forte do que nunca. Apesar de ser difícil obter estatísticas exatas, uma pesquisa do Instituo Gallup em 1991 mostrou que 25% dos americanos acreditavam no renascimento da alma em um novo corpo.
Há mais opções do que nunca para explorar vidas passadas, incluindo a terapia de regressão. Isso funciona com a premissa de que a causa dos problemas de um paciente possa ser o resultado de uma experiência traumática de uma existência anterior.
Autora: Iney Lúcia (Rainna Tammy)
Fonte de pesquisa:
E a vida continua (Filme completo) http://youtu.be/ssWxIN0ZqwU
Funeral cristão: fundamentos e liturgia/ [organizado por Erli Mansk] - São Leopoldo: Sinodal. Porto Alegre: IECLB, 2010.
GOLDIM, José Roberto et all. Bioética e espiritualidade. Porto Alegre: Edipucrs, 2007 (Coleção Biótica, v. 1, 97 - 101).
GRIBEL, Rose. Minha vida no mundo dos espíritos: testemunhos, 9 ed. São Paulo: Pensamento, 2000, p.79.
MACIEIRA, Rita de Cássia. O sentido da vida na experiência de morte: uma visão transpessoal em psico oncologia. 2 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.
SIMONETTI, Richard. Vencendo a morte e a obsessão. 6 ed. São Paulo: Pensamento, 1998 (Coleção Espírita, p.78 - 79).
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